"Se o povo soubesse o valor que ele tem, não agüentava desaforo de ninguém"
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Peça da mostra de teatro militante discute o abandono sofrido por migrantes e o papel do Estado na garantia de direitos como moradia
A desterritorialização dos migrantes, o direito à moradia, nordestinos e a perda de sua identidade em meio à selva de pedra paulistana. As histórias de vida dos moradores da região do extremo leste de São Paulo unem essas três temáticas no espetáculo "Ser TÃO Ser – Narrativas da Outra Margem",da companhia teatral de rua Buraco D'Oráculo. Essa é uma das peças exibidas na mostra Militância Teatral na Periferia, que ocorre entre 7 e 31 de Julho no TUSP (Teatro da USP).
Criada a partir de histórias coletadas em seis comunidades, a peça mostra o abandono vivido por migrantes nordestinos: de sua casa, de sua terra e de sua família. As primeiras cenas do espetáculo ocorrem no lado de fora do TUSP. É ao ar livre que a Buraco D'Oráculo oferece café à platéia e começa a mostrar a história de cinco personagens que partem rumo a São Paulo na busca da sobrevivência. "Todo mundo é assim: começa onde nasce, termina onde escolhe", dizem os migrantes.
Além de algumas peças de roupas, os personagens levam na bagagem a saudade de casa e a esperança de uma vida melhor. Mas, ao chegar na cidade grande, eles enfrentam uma realidade diferente, em que predomina o preconceito e a frieza. "Eu só preciso de uma chance", diz um dos que chegam. "Xi, mais um Zé…" é a resposta que recebe. Jogados à margem da selva de pedra, esses nordestinos são os moradores da periferia da cidade. É em bairros como Itaquera, Penha e São Miguel Paulista são bairros onde esses Josés e Marias tentam reconstruir seus lares e suas vidas.
"Maia maia maia maiador / terra onde seu Maia quer morar"
O abandono de uma vida e a adaptação a um novo espaço formam o que Adailton Alves, diretor da peça, chama de "sertão urbano". "E é nesse sertão que adentramos, buscando compreender melhor os seus habitantes, seres que na contemporaneidade estão cada vez mais desterritorializados", diz ele.
Ao discutir a falta do acesso à moradia e o processo de expansão da periferia paulistana, a peça retrata três ambientes: ocupação, favela e conjunto habitacional. No primeiro, a companhia retrata a ação de movimentos sociais de ocupação da terra e a violência policial, que culmina na morte de um dos assentados. Na favela, o Buraco d'Oráculo mostra a identidade de periferia, onde o rap desempenha papel fundamental. A abundância de empregos informais e a chegada da carta de despejo para os favelados são outros temas abordados na peça: os atores simulam os tratores que derrubam barracos. Por fim, a companhia retrata a construção de conjuntos habitacio Peça da mostra de teatro militante discute o abandono sofrido por migrantes e o papel do Estado na garantia de direitos como moradia
A desterritorialização dos migrantes, o direito à moradia, nordestinos e a perda de sua identidade em meio à selva de pedra paulistana. As histórias de vida dos moradores da região do extremo leste de São Paulo unem essas três temáticas no espetáculo "Ser TÃO Ser – Narrativas da Outra Margem",da companhia teatral de rua Buraco D'Oráculo. Essa é uma das peças exibidas na mostra Militância Teatral na Periferia, que ocorre entre 7 e 31 de Julho no TUSP (Teatro da USP).
Criada a partir de histórias coletadas em seis comunidades, a peça mostra o abandono vivido por migrantes nordestinos: de sua casa, de sua terra e de sua família. As primeiras cenas do espetáculo ocorrem no lado de fora do TUSP. É ao ar livre que a Buraco D'Oráculo oferece café à platéia e começa a mostrar a história de cinco personagens que partem rumo a São Paulo na busca da sobrevivência. "Todo mundo é assim: começa onde nasce, termina onde escolhe", dizem os migrantes.
Além de algumas peças de roupas, os personagens levam na bagagem a saudade de casa e a esperança de uma vida melhor. Mas, ao chegar na cidade grande, eles enfrentam uma realidade diferente, em que predomina o preconceito e a frieza. "Eu só preciso de uma chance", diz um dos que chegam. "Xi, mais um Zé…" é a resposta que recebe. Jogados à margem da selva de pedra, esses nordestinos são os moradores da periferia da cidade. É em bairros como Itaquera, Penha e São Miguel Paulista são bairros onde esses Josés e Marias tentam reconstruir seus lares e suas vidas.
"Maia maia maia maiador / terra onde seu Maia quer morar"
O abandono de uma vida e a adaptação a um novo espaço formam o que Adailton Alves, diretor da peça, chama de "sertão urbano". "E é nesse sertão que adentramos, buscando compreender melhor os seus habitantes, seres que na contemporaneidade estão cada vez mais desterritorializados", diz ele.
Ao discutir a falta do acesso à moradia e o processo de expansão da periferia paulistana, a peça retrata três ambientes: ocupação, favela e conjunto habitacional. No primeiro, a companhia retrata a ação de movimentos sociais de ocupação da terra e a violência policial, que culmina na morte de um dos assentados. Na favela, o Buraco d'Oráculo mostra a identidade de periferia, onde o rap desempenha papel fundamental. A abundância de empregos informais e a chegada da carta de despejo para os favelados são outros temas abordados na peça: os atores simulam os tratores que derrubam barracos. Por fim, a companhia retrata a construção de conjuntos habitacionais, processo em que sobram parcelas para pagar e falta comprometimento do Estado, ineficaz no fornecimento de transporte e de saúde para os moradores.
A criatividade marca a peça: tanto o cenário como o figurino são compostos por materiais simples: caixas de papelão são as malas dos migrantes, tubos de PVC, remendos de panos e barbantes formam os postes e seus fios elétricos, aros de ferro são as janelas dos prédios populares. Além disso, a companhia se destaca pela elaboração de músicas ao som de pandeiro e violão. "Onde não havia nada / toda essa multidão / escreveu a sua história / num pedaço de chão" é um dos versos cantados. Apesar da temática, a companhia consegue dar leveza à peça por meio de interações com o público e de músicas com tom crítico (essa casa vai ser minha / ser minha se eu pagar a prestação / 25 com mais 10 no acordo / 35 anos de espoliação).
A mostra Militância Teatral na Periferia ocorre exibe as peças de quarta a domingo. A entrada é gratuita e a exibição de documentários e realização de debates também compõe a programação.
E a rua virou palco…
A bela tarde de sábado serviu de cenário para o grupo paulista de Teatro de Rua Buraco d'Oráculo trazer para a Praça Marechal Deodoro biografias nascidas no sertão nordestino que foram para a chamada "cidade grande" em busca de melhorias.
Espetáculo começa com histórias de homens e mulheres que partiram para a cidade grande em busca de melhores oportunidades
Ser TÃO Ser – narrativas de outra margem – também vive histórias ocorridas em uma favela e em um conjunto habitacional.
Ao andarem pela Praça, os atores convidavam o público a ocuparem outros locais, onde a troca de cenário resultava em mudança de personagens e histórias. Conforme relata a sinopse da peça, o espetáculo Ser TÃO Ser foi criado a partir da coleta de histórias em seis comunidades de São Paulo, contanto a vida de trabalhadores que migram e lutam para criarem seus lares. "Os trabalhadores estão sempre oprimidos, seja por autoridades ou pelas condições que lhes são impostas. Quase sempre derrotados, por lutarem em separado, não percebem sua força ao lutarem juntos", descreve a sinopse da peça.
A peça traz a mensagem de união de forças pelo bem comum, onde a falta de tempo não se torne pretexto, pois conforme uma personagem disse ao final da encenação, "a união faz a força e tempo a gente faz, é só querer". O conjunto da apresentação foi descrito pelo Secretário de Educação, Cultura e Desporto, Osmar Piardi, como "um chamamento através da arte para uma realidade que faz parte de boa parte do Brasil".
Os atores levaram o público a momentos de descontração e de reflexão
O espetáculo compõe o Projeto Arte SESC – Cultura por toda parte. Conforme o agente de cultura do SESC de Passo Fundo, Alcídio Schroeder Filho, o objetivo é disseminar as várias formas de cultura em diferentes locais, permitindo que as pessoas tenham acesso às manifestações culturais.
Do sertão para a favela e da favela para um conjunto habitacional. Estes foram os caminhos percorridos pelo grupo que deu vida a personagens diferentes com trajetórias iguais
Em Lagoa Vermelha, a apresentação do Grupo Buraco d'Oráculo foi organizada pelo Departamento de Cultura da Secretaria Municipal de Educação.
Ao mudarem do sertão para a cidade grande, personagens levam o público que vislumbra o desenrolar de novas histórias
Do sertão para a favela e da favela para um conjunto habitacional. Estes foram os caminhos percorridos pelo grupo que deu vida a personagens diferentes com trajetórias iguais
Fonte: Assessoria de Imprensa.
Publicado em: 12 de abril de 2011 às 8:49
Publicado em: 12 de abril de 2011 às 8:49
Site: http://www.lagoavermelha.rs.gov.br/2010/2011/e-a-rua-virou-palco/
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